domingo, 28 de fevereiro de 2010

Nada além de mim

Eu estava deitada, embaixo da sombra, quando uma leve brisa me fez abrir os olhos. Me deparei então com o lindo céu azul que acima de mim estava e com a ofuscante luz do sol. Levantei e me sentei. Observei o campo aberto à minha frente. Parei por um momento, respirei o ar quente e percebi que na verdade não era ali que eu queria estar. Então automicamente fechei os olhos e começei a imaginar os lugares que mais me apetecia. Me vi em uma pequena estrada, no meio de uma floresta cercada de enormes árvores floridas. Mal dava pra ver o sol, de tão altas que eram as árvores, mas sabia que era dia. Devia ser a primavera, a estação do romantismo como dizem, mas a estação do ano não era o que me importava de verdade e romantismo não era o que eu buscava naquele exato momento. Abri os meus olhos e vi que já não estava mais lá. Não entendi muito bem porque no início, mas não digo que fiquei triste. Não era ali que o meu coração estava, então de nada adiantava estar lá. Mas gostei da experiência. É, eu devia praticar isso. Então fechei os olhos novamente e vi uma trilha. Andei alguns minutos por ela até que cheguei em uma praia. Era o nascer do sol. Um momento lindo, mágico. Com certeza lá era melhor que a floresta. Fui até a beira do mar e me sentei na areia extremamente branca. A água era cristalina e dava pra ver os peixinhos coloridos nadando. Fiquei ali por um bom tempo, contemplando aquela imagem, até que o sol começou a esquentar demais. Era o momento de ir embora. Abri os olhos novamente e vi o campo em que estava. Olhei à minha volta tentando me agradar dali pra que não precisasse mais procurar o meu lugar, mas foi em vão. Então fechei os olhos e continuei a minha busca. Dessa vez me vi em uma clareira. Havia um riacho e um pouco mais abaixo dele, uma cachoeira. É, ali estava bom. Era calmo, sereno e até um pouquinho frio, apesar de também ser dia. Eu gostava disso. Coloquei os pés dentro d'água e me sentei em uma pedra. Mas ela era cheia de musgos e a água também estava muito fria. Não, ali não era onde eu queria estar também. Sem esperanças, abri os olhos e decidi ficar ali no campo mesmo. Estava cansada de procurar o meu lugar, nada parecia ser bom o suficiente. Eu precisava de verdade era me acostumar. Me deitei na relva e olhei pro céu. Já estava quase escurecendo e uma pequena lua apontava ao longe. Não dava pra vê-la direita por causa do sol que ainda brilhava lá em cima, mas eu sabia que ela estava lá. Olhei com mais precisão e finalmente consegui contemplá-la. Ela era tão linda. Tentei então olhar pro sol, afinal de contas, ele devia ser mais bonito ainda que a lua. Pelo menos, era isso que todo mundo dizia. Olhei pra ele mas rapidamente desviei os olhos. Ele brilhava tanto, mais tanto, que sua luz ofuscava os meus olhos. Estava decidido então, eu não gostava do sol. Ele sempre lá, se achando o rei. Ninguém conseguia chegar perto dele. Ele era perfeito demais. Eu gostava mesmo era da lua. Tranquila, linda, confiante, mas não se achava melhor que ninguém. E ao contrário do que dizem, de solitária ela não tinha nada. Estava sempre acompanhada pelas estrelas. A medida que a noite caía, eu começei a gostar mais ainda do lugar em que estava. Uma brisa fria, mas calma tomou o lugar do ar quente de antes e o céu agora estava muito mais cheio. Foi então que eu entendi tudo. Não se tratava do lugar em que eu estava, mas das coisas que tinham lá. Imediatamente então eu fechei os olhos e vi a floresta em que estava primeiro. Na minha mente e com o meu coração, mudei o quadro: tornei o dia noite. E eu gostei do que vi. Fui também até a praia e ao invés de um nascer do sol, imaginei o crepúsculo. E eu simplismente fiquei maravilhada com aquilo. Era tudo tão perfeito. Me lembrei então de que faltava um lugar. Fui até a clareira e fiz a mesma coisa que tinha feito nos outros lugares. E pra minha não surpresa, o resultado foi o mesmo. A noite fez com que a água ficasse quente e os musgos de antes não me encomodavam mais. Extremamente feliz com a minha descoberta, eu abri os olhos e o meu campo escuro me deu uma enorme paz. Então, com um sorriso no rosto, eu adormeci. Porque eu tinha a plena certeza de que finalmente tinha encontrado o meu lugar e que ele não dependia de nada, além de mim.


Somebody Tell me: www.temnomenenhumnao.blogspot.com

7 comentários:

  1. Façamos as coisas a nossa maneira, a maneira do nosso coração, que então a Lua sempre aparecerá.

    Ou então, basta esperar que uma hora anoitece =)

    Maravilhoso o texto, um dos teus melhores, arrisco-me a dizer! *--*

    beeeeeeeijos.

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  2. Adorei o texto! x)
    É como diz o meu pai, nós não dependemos de nada, nem ninguém para sermos felizes. O duro é aceitar isso!

    Beeijos, Nina! :*

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  3. passando pra avisar que postei minha fic lá no runway :D beeijos.

    http://runwayway.blogspot.com/

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  4. amei, amei e amei! Esse texto me inspirou... A imaginação é algo incrível mesmo mas nos deixa satisfeitos de verdade...
    beijos
    E postei um novo cap. de Mentirosa Perfeição !

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  5. Precisamos ser feliz! buscar por amor e paz!
    beijos

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  6. Realmente parecidos... mas o seu é mais extenso... mais profundo...

    Também amie

    Beijos

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